terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bíblia Católica: Composta de livros extras

Se comparar uma bíblia católica com outras bíblias, perceberá muitas semelhanças. Basicamente tudo que se encontra em outras bíblias está nas bíblias católicas. Mas, há diferenças:

• As bíblicas católicas contêm sete livros no Antigo Testamento que não se encontram em outras bíblias (chamadas por alguns de “bíblias protestantes” ou “bíblias de crentes”).
• Alguns livros (Ester e Daniel) nas bíblias católicas contêm trechos que não se encontram em outras Bíblias.
• Os nomes de alguns livros são diferentes.
• Algumas divisões de capítulos e versículos são diferentes. Não precisamos nos preocupar com esses últimos dois itens, mas, por que diferenças de conteúdo, até de livros inteiros?

Porém, há uma história que justifica como há essa diferença.

Tanto católicos como protestantes têm apresentado argumentos fracos ou inválidos para responder a essa pergunta. Alguns católicos afirmam que Martinho Lutero removeu esses livros e trechos da Bíblia sem base nenhuma. Seria mais acurado dizer que ele não aceitou sete livros que nunca foram considerados iguais aos outros, e que tinha motivos históricos para isso. Sugerem que Jesus e os apóstolos, ao citar a versão grega do Antigo Testamento, automaticamente aprovaram esses livros extras. Tal afirmação vai além das evidências. Por outro lado, alguns não-católicos fazem alegações exageradas, dando a impressão que esses livros apareceram do nada 1.500 anos depois de Cristo, no concílio de Trento. Afirmam, às vezes, que Jesus e os apóstolos jamais citaram os livros questionáveis. Seria melhor dizer que não há citação exata, nem que mencione o nome de um desses livros, mas não pode negar que vários trechos do Novo Testamento têm paralelos nos livros chamados deuterocanônicos (pelos católicos) ou apócrifos (pelos que adotaram a palavra usada por Martinho Lutero). Um dos exemplos mais nítidos é Tiago 1:19 (“Vocês já sabem, meus queridos irmãos: cada um seja pronto para ouvir, mas lento para falar, e lento para ficar com raiva”) comparado a Eclesiastico 5:11 (“Esteja pronto para ouvir e lento para dar a resposta”).

De onde esses livros vieram? Os tradutores católicos Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin respondem:

Para entender isso é preciso conhecer um pouco a história do texto do Antigo Testamento. Ele, inicialmente, só existia em hebraico. Quando os judeus se espalharam pelo mundo, sentiram necessidade de traduzi-lo para uma língua mais universal naquela época: o grego. Acontece que no Antigo Testamento traduzido foram colocados alguns livros que não estavam na bíblia hebraica e que eram mais recentes.... Os protestantes consideram como Palavra de Deus só os livros do Antigo Testamento que fazem parte da bíblia hebraica, enquanto que a Igreja católica considera também alguns que foram acrescentados na tradução grega feita pelos judeus. Essa é a diferença entre a bíblia católica e a protestante. O Novo Testamento é igualzinho. Portanto, se você tem uma bíblia protestante não precisa rasgá-la ou queimá-la. Basta você estar ciente que faltam esses livros, que você poderá ler numa bíblia católica.

Como devemos enxergar estas diferenças?

• A diferença não é apenas uma briga do Século XVI (entre Martinho Lutero e o Concílio de Trento), mas certamente chegou a seu auge na época da Reforma Protestante. Quando Lutero adotou apenas os livros do Antigo Testamento que aparecem nas Escrituras hebraicas e chamou os outros de “apócrifos” (livros não inspirados por Deus), a Igreja Católica reagiu com uma declaração do Concílio de Trento (em 1546), oficialmente incluíndo na Bíblia esses livros que chamaram de “deuterocanônico” (que vem depois do cânone, ou seja, depois do “conjunto dos livros considerados de inspiração divina” - Houaiss). Devemos observar que Lutero traduziu os livros que considerava apócrifos, mas separados dos livros que julgava inspirados;
• O fato de um livro não ser citado por nome no Novo Testamento não prova, por si só, que o mesmo não seja canônico;
• A diferença não é meramente um desacordo entre católicos e protestantes;
• Os católicos tendem a basear a sua fé na autoridade da Igreja Católica, a suposta fonte da bíblia;
• Os autores inspirados do Novo Testamento, porém, afirmaram que as Escrituras foram entregues à igreja;
• Embora houvesse discussões durante os séculos posteriores sobre a autenticidade de alguns livros, as Escrituras já existiam e eram reconhecidas no primeiro século;
• Os livros acrescentados na LXX e, posteriormente, nas bíblias católicas, não são da mesma qualidade dos livros aceitos geralmente no Velho Testamento.;
• Citações no Novo Testamento da versão grega (LXX) não são afirmações da autenticidade de todos os livros incluídos nela;
• Citações depois do Novo Testamento, também, não servem como provas da inspiração desses livros;
• A própria Igreja Católica sempre considerava esses livros diferentes, e demorou para oficialmente incluí-los no seu catálogo de livros bíblicos.

Fonte: Estudos da bíblia . net

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