sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Figura do Purgatório

Já devem ter ouvido falar bem do Purgatório, certo? Então, segundo a doutrina católica, é para onde os justos vão após morrer. Eles passam "um tempo" lá antes de regressarem eternamente no Paraíso, sendo que eles "se purificam" antes de ir pro céu

O que é de se surpreender é que o Purgatório não é relatado na bíblia. É como o Limbo, um mero lugar fictício da mentalidade católica de bem antigamente.

Suas raízes se encontram, analisando bem, no judaísmo, na crença de rezar pelos mortos. Essa crença faz parte da estrutura da existência do Purgatório, sendo que "oração dos vivos" ajuda a orientar a alma do morto até a salvação.

Segundo o catecismo católico de John A. Hardon, S.J., a declaração formal da doutrina de purgatório foi feita em 1274, mais de 12 séculos depois da morte de Jesus! Uma vez que a doutrina se tornou oficial, foi necessário procurar algum apoio teológico. Hardon cita três trechos bíblicos para defender a idéia de purgatório. Vamos examinar cada citação:

• 2 Macabeus 12:41-45. Esse trecho descreve os atos de Judas Macabeus depois de uma batalha contra Górgias. Judas e seus homens oraram pelo pecado dos mortos e mandaram que fosse oferecido um sacrifício por eles em Jerusalém. Há dois problemas com o uso desse trecho:
(a) 2 Macabeus é um dos livros contidos na bíblia católica mas rejeitados na maioria de outras bíblias.
(b) O pecado citado no trecho (veja 2 Macabeus 12:40) foi idolatria, considerado o motivo da morte deles. Para usar este trecho para apoiar a doutrina de purgatório seria necessário afirmar que esses homens que alegamente morreram por causa da idolatria não morreram na prática de pecado mortal, pois a Igreja Católica ensina que tais pessoas não teriam acesso ao purgatório.

• Mateus 12:32 diz que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada, nem neste mundo, nem no mundo que há de vir. Hardon conclui, sem prova nenhuma, que esse versículo sugere que outros pecados serão perdoados após a morte.

• 1 Coríntios 3:13,15 fala de julgamento através de fogo. O fogo serve para provar o valor das obras de cada um. O trecho nada diz sobre um lugar de purificação após a morte.

Sem dizer que, se vermos bem, o Purgatório desvaloriza o sacrifício de Cristo na cruz. Sua agonia e tormenta na crucificação serviu para perdoar a humanidade do pecado, e o Purgatório passa meio que uma idéia de "Dane-se, dá para eu saciar um pouco a carne. Quando eu tiver morrendo eu me arrependo e vou pro Purgatório mesmo".

A bíblia defende um julgamento da alma após a morte (Hebreus 9:27), no qual seremos julgados pelos atos feitos por meio do corpo (2 Coríntios 5:10), e nada diz sobre uma segunda chance após a morte.

Porém, o conceito do Purgatório hoje em dia está oficialmente abolido da fé católica. Ela foi abolida pelo próprio e atual Papa, que é Bento XVI.



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